globalização

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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Mundo Globalizado.

MUNDO GLOBALIZADO

Realidade e desafios na aurora do século XXIO mundo está globalizado em todas as suas instâncias. A globalização acontece graças ao avanço tecnológico e, particularmente, ao avanço das comunicações. A capacidade de informar e receber informações em tempo real, através dos novos meios de comunicação que o homem colocou em ação no final do século XX, permite que todos os feitos da vida humana cheguem até nós diuturnamente. Esse fenômeno é irreversível e tende a aperfeiçoar-se à medida que o conhecimento humano avança, ponto de já falarmos em tempo virtual. Nesse contexto, um dos segmentos que mais é atingido pelo processo, por ser um dos mais importantes no caminhar da humanidade, é o econômico. Assim, a globalização da economia é hoje um fato concreto.Todos movimentos econômicos são registrados e repassados ao mundo inteiro, atingindo de forma direta todas as nações.O processo de globalização é característico aprofundamento da internacionalização, juntamente com a crise do Estado. Isto é, o Estado com suas funções econômicas diminuídas, modificadas pelos protagonistas internacionalizados, conseqüência da financeirização das riquezas e do deslocamento do processo produtivo, se torna cada vez menos nacional, vindo a perder a eficiência nas funções sociais. Daí deriva a idéia de que a regulação não pode mais ser nacional, pois a internacionalização da produção e o aumento das desigualdades exigem contra-ataques duplos: um por parte de fora e outro de dentro das entidades locais do Estado-Nação, no sentido de controlar as desigualdades sociais. As diferenças entre a mundialização e a internacionalização estão na financeirização das riquezas e na globalização do processo produtivo. Anteriormente o processo era concentrado na circulação, deslocando-se agora para a produção, o que é uma novidade.As características dessa nova dimensão do processo encontram-se na concorrência rigorosa entre os diferentes mercados e na mobilidade internacional crescente dos fatores de produção. Essas características trazem consigo novidades:a) Aumento dos investimentos diretos (privatizações);b) Medidas de desregulamentação nos diversos setores;c) Ritmo sustentado da inovação;d) Homogeneização das demandas;e) Crescimento da mobilidade dos recursos e da concorrência;f) A forte interação entre globalização e inovação.Entre essas novidades, surge o desafio de encontrar capacidade econômica e social de valorizar os indivíduos e países ameaçados pelo processo, principalmente em face da concorrência. Isso depende da aplicação dos recursos existentes e da capacidade em utilizá-los eficazmente. É nesse contexto que se torna necessário definir um novo papel para o Estado: o de favorecer o processo de adaptação à globalização, pois se existem indícios da formação do mundo como um lugar único, os entraves devem ser eliminados progressivamente.2AS MAGROTENDÊNCIASEste mundo globalizado tem algumas macro-tendências importantes a serem observadas. Em primeiro lugar, ele estimula a entrada, mais uma vez, de um modelo econômico liberal, onde o livre-comércio se torna a mola do processo. Ou seja, a abertura comercial, que passou a ser o elemento motor da economia mundial nos últimos vinte anos do século XX, só foi possível em escala planetária graças ao avanço tecnológico das in-formações, o qual permitiu globalizar o mundo, em especial nas suas relações comerciais.Fonte: Google imagensEm segundo lugar, um mundo globalizado e economicamente aberto reforçou a interdependência entre os países, países esses que, na sua maioria, para poderem fazer frente à competição econômica que se instalou, passaram a construir parcerias, traduzidas em blocos econômicos regionais (União Européia, Mercosul...). Essa interdependência acaba transferindo para todas as nações do inundo os acontecimentos ocorridos em qualquer parte da Terra.3BLOCOS ECONÔMICOSCEI –Comunidade dos Estados IndependentesSADC–Comunidade para o desenvolvimento da África AustralUMA–União do MagrebÁrabeU. E. –União EuropéiaANZCERTA -Acordo comercial sobre relações econômicasEFTA –Associação Econômica EuropéiaASEAN –Associação das nações do sudeste asiáticoCAN –Comunidade Andina Das NaçõesNAFTA –Tratado Norte Americano de Livre ComércioMERCOSUL –Mercado Comum do SulAPEC –Cooperação Econômica da Ásia e do PacíficoMCCA –Mercado Comum Centro AmericanoCARICOM –Mercado Comum e Comunidade do CaribeMapa organizado por Paulo Roberto Quintana Rodrigues a partir do modelo The Map Blank – Google imagensEm terceiro lugar, pelo fato dos países reagirem ao processo através da construção dos chamados blocos econômicos, duas correntes de pensamento dividiram a opinião: a primeira procurou demonstrar que a formação dos blocos econômicos era uma reação protecionista, à medida que a economia mundial poderia assistir a uma guerra econômica entre blocos, ou seja, haveria um acirramento do protecionismo entre os blocos. Por outro lado, a segunda corrente, na qual nos incluímos, pensa que a formação dos blocos é um passo intermediário na construção de um unindo econômico mais aberto, portanto, menos protecionista. Primeiro se abrem as fronteiras e os mercados entre os países membros do bloco e, posteriormente, se abrem as fronteiras entre os blocos. As sucessivas negociações, sob a égide da Organização Mundial do Comércio (OMC), entre os diferentes blocos e zonas de livre-comércio existentes no mundo no início do Terceiro Milênio (casos da União Européia e Mercosul; do Mercosul com o Pacto Andino; do Mercosul com o Nafta visando à criação da Associação de Livre-Comércio das Américas-Alca etc.) levam a crer que essa segunda corrente estaria prevalecendo no contexto mundial.Em quarto lugar, diante desses novos encaminhamentos mundiais os estados são obrigados a adotar uma nova postura. A necessidade de poupança interna para realizar investimentos e preparar o país para entrar ou manter-se nessa economia globalizada e aberta exige que não só a sociedade e seus agentes econômicos aprendam a fazer poupança, mas e, sobretudo os estados criem mecanismos de geração de poupança ou, pelo menos, de equilíbrio das contas públicas. Dessa forma, toda a reação dos estados passou a ser no sentido de enxugar a máquina estatal, buscando assumir uma ação organizadora do processo, no interior de seu território, e não mais interventora característica dos estados protecionistas de outrora. Evidentemente, tal enxugamento é doloroso e exige prioridades, a começar pela implantação de planos econômicos visando a ajustes estruturais significativos e4nem sempre compreendidos e aceitos pela sociedade, em especial quando tais sociedades estiverem sob o jugo do corporativismo estatal, caso da maioria dos países. A ação organizadora leva o Estado a trabalhar a noção de custos, no sentido de tornar mais leve sua burocracia e sua máquina funcional, a fim de permitir vantagens competitivas aos seus agen-tes econômicos na disputa por espaços de mercado, inclusive no interior do próprio país. Deriva daí o debate sobre as reformas de fundo que um Estado deve realizar e, em muitos casos, protela até o limite de sua inviabilização econômica (no caso do Brasil, podemos citar as reformas tributárias, fiscal, previdenciária, administrativa etc.).Em quinto lugar, tal realidade permite diferenciar as vantagens comparativas das competitivas. Se as primeiras podem designar as chamadas vantagens naturais que um país possui em relação a outro, a segunda permite analisar as vantagens construídas com base no custo do Estado e da infra-estrutura posta à disposição dos agentes econômicos para que realizem o comércio internacional. Entram neste contexto os impostos, as taxas, a qualidade das vias de transporte, dos portos, das comunicações, da energia elétrica e assim por diante. A evidência de que se torna fundamental existir vantagens competitivas leva os países a buscarem novas maneiras de administrarem a coisa pública. Em muitos casos, a privatização acaba sendo um dos encaminhamentos dados ao problema. E não sem razão!A sexta macro-tendência está na formação de mega-empreas, por via das chamadas mega-fusões, aquisições ou *joint-ventures. Os agentes econômicos, mais rapidamente e diretamente expostos ao processo de abertura comercial num mundo globalizado, aceleram a estratégia de formarem empresas mais fortes, com mais escala, visando a obter mais competitividade econômica. São esses conglomerados, que surgem em todos os setores da economia mundial, que passam a ditar as leis no mercado mundial. O movimento é tão significativo e necessário que praticamente todas as empresas, em qualquer parte do planeta, se põem a buscar parceiros visando a fortalecerem-se perante a concorrência. Para muitos, trata-se de uma condição para obter tecnologia e aporte financeiro. Caso contrário, não sobrevivem. Ocorre que, para atrair capital e tecnologia, as regiões e suas empresas precisam ter algo a oferecer. Dentro de sua lógica de acumulação, o capital virá caso haja um mercado promissor a desenvolver. Para tanto, a economia deve estar estabilizada, com a inflação sob controle, e o Estado enxuto capaz de suprir os agentes com a infra-estrutura que lhe compete, em especial educação, saúde, segurança e habitação.Um sétimo ponto está no fato de que, para alcançar tais objetivos e resultados, necessitamos de informação. Trata-se aqui de construir uma estratégia em quatro tempos: a obtenção da melhor informação disponível no mercado; a capacidade para analisar essa informação, isto é, ter elementos com formação para poderem interpretar o que as informações nos indicam; traçar tendências e ser capazes de definir a tendência vitoriosa, ou seja, aquela que teria mais probabilidades de se confirmar. O quarto passo é inserir-se nessa tendência, fato que exige elementos como infra-estrutura e pessoal preparado. Essa estratégia, adaptada à realidade de cada região ou agente econômico, é o instrumento essencial para avançar no mercado globalizado.* A expressão de origem americana Joint Venture designa uma forma de aliança entre duas ou mais entidades juridicamente independentes com o fim de partilharem o risco de negócio, os investimentos, as responsabilidades e os lucros associados a determinado projeto.5A oitava macro-tendência está no fato de que, se os blocos econômicos são uma realidade, igualmente a construção de moedas únicas parece ser o caminho. A União Européia deu o passo em 1999, ao criar o Euro.Outros blocos deverão seguir seus passos, caso do Mercosul num futuro um pouco mais distante. A necessidade de melhor controlar os fluxos financeiros, o jogo cambial como arma de competitividade e a instabilidade em torno dos investimentos especulativos, alimenta essa estratégia, que poderá evitar que no futuro o mundo dependa, como hoje, de uma só moeda balizadora do comércio internacional e dos humores da economia interna do país que detém o controle sobre sua emissão, caso do dólar norte-americano.Em nono lugar, o mundo entrou na era das "indústrias do conhecimento", totalmente criadas pelo homem, independentemente dos recursos naturais, o que leva ao desaparecimento das vantagens comparativas. Nesse contexto, os produtos do futuro incluirão cada vez menos materiais e cada vez mais "conhecimento". Ou seja, as indústrias de base científica criam vantagens comparativas desvinculadas dos recursos naturais e de van-tagens locacionais.Representação da indústria do conhecimentoPor fim, diante da complexidade das decisões e encaminhamentos que o mundo globalizado enfrenta, outra macro-tendência será a criação de organismos supranacionais para resolverem questões relativas às relações internacionais. A alternativa encontrada, por enquanto, foi a de revisar a estrutura e o papel do Banco Mundial (Bird), do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da Organização Mundial do Comércio (OMC).6Representação do poder no Banco MundialRepresentação do FMI7Mapa representando o entrelaçamento em empresas das mais diversas nacionalidades.Aliás, a transformação do Acordo Geral de Comércio e Tarifas (Gatt) em OMC, em janeiro de 1995, está nessa linha de raciocínio. Provavelmente o mundo deverá criar novas entidades e os países deverão buscar os meios para delas participarem. O Brasil, por exemplo, busca ser o representante da América Latina e mesmo dos chamados países emergentes.OS DESAFIOS DO CAPITALISMOO desenvolvimento da formação econômica capitalista é identificado através da expansão das trocas internacionais, resultado do prolongamento natural das economias. Na verdade, ao utilizar o conhecimento que temos de história, veremos que os mercados sempre existiram, quer fossem trocas entre povos primitivos ou grandes feiras ambulantes da Idade Média. Nesse período, o pré-capitalista, não se tinha um sistema de mercado que sustentasse e mantivesse uma sociedade inteira. Tão somente havia troca de mercadorias.Ainda não era possível vislumbrar um sistema de mercado, em virtude de que os três fatores básicos de produção, terra, trabalho e capital, não representavam um efetivo papel dentro da economia. As terras, simplesmente, representavam o cerne da vida social, não sendo propriedades a serem vendidas ou compradas. O trabalho não era comercializado, isto é, não havia uma demanda de emprego na qual os indivíduos vendiam seus serviços a quem lhes oferecesse mais. Quanto ao capital, não lhe era dado um novo e criativo uso.Em suma, foi da gradual transformação nas relações de "função" dos fatores de produção que o capitalismo originou-se, no período medieval. Essa fase, de avanço do comércio internacional, provocou um forte desenvolvimento dos mercadores, de tal forma que8a ordem social inteira progressivamente se transformou, passando assim o mercado a governar o conjunto da vida econômica e social.Foi nessa crença, em que o livre funcionamento do mercado resolve da melhor forma possível os problemas econômicos da sociedade, que surgiu a doutrina liberal. Foi dentro dessa doutrina que o regime capitalista encontrou seus sustentáculos para consolidar-se como um sistema mundial. Suas idéias baseiam-se no individualismo; na liberdade de expressão e planejamento; na livre iniciativa; na propriedade privada dos meios de produção; na livre concorrência e no Estado reduzido. Faz parte dessa corrente de pensamento o chamado "pai da economia", Adam. Smith. Ele afirmava que o mercado tornaria conta das necessidades da sociedade desde que fosse deixado em paz consigo mesmo, ou seja, que as leis da evolução levariam a sociedade para um estado de graça. Articulava-se contra a interferência do governo no mecanismo de mercado.Entretanto, com o passar dos anos, esse pensamento sofreu crises e mudanças, em razão da concorrência feroz que os avanços tecnológicos da Revolução industrial trouxeram. Isso gerou, em grande parte, o domínio do mercado por monopólios nacionais, consolidando grupos econômicos nacionais. Em resposta a essas crises, surgiram dois regimes totalitaristas no início do século XX: o fascismo, na Itália, e o comunismo, na então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), tendo como intuito contrapor-se ao liberalismo, à medida que pregavam intervenção estatal na economia, justificada através do estado geral de desemprego em que ela se encontrava.É a partir desse contexto de transformações, críticas e busca de legitimidade de um sistema econômico em crise, que se iniciou um intenso debate ideológico. Ou seja, foi no século XX, a partir do final da 2ª Guerra Mundial, que o mundo começou a questionar-se, procurando identificar qual era o melhor sistema econômico entre o capitalismo, o socialismo e o comunismo.A realidade de hoje nos mostra que o capitalismo acabou impondo-se, mais pelo fracasso dos outros sistemas do que propriamente pelas suas virtudes. De fato, já no início dos anos 80, o sistema socialista aplicado pela então URSS faliu. Calcado desde seu início, em 1917, numa prática de planificação autoritária centralizada, onde a circulação de informações reais era difícil, o Estado concentrou o poder (tudo partia dele e a ele retornava), definindo os objetivos de produção. O regime socialista direcionou sua economia para a indústria pesada (militar), enquanto a agricultura devia fornecer os meios, homens e produtos. A indústria de bens de consumo viria posteriormente.Nos anos 60, o então primeiro-ministro, Nikita Khrouchtchev, mudou a linha econômica, visando a alcançar os níveis dos países capitalistas da época. Em razão disso, passou a priorizar a produção de bens de consumo. Como resultado de tal mudança, aconteceu um retrocesso no crescimento econômico, à medida que a então URSS partiu de um crescimento extensivo para a busca de um crescimento intensivo. O processo fracassou e a crise se apresentou, pois numa economia planificada, como a posta em prática, tornava-se difícil introduzir tecnologias e os custos eram elevadíssimos. Assim, a então URSS adotou o recurso do endividamento externo durante os anos 70, buscando a inserção na economia mundial, sem mudar o sistema. A prática passou a ser a importação maciça de tecnologia via crédito internacional, como a maioria dos países subdesenvolvidos capitalistas de então. O objetivo de tal estratégia era chegar a um crescimento, melhorar o nível de vida da população e reembolsar os empréstimos via a futura produção modernizada que se estava implantando. Naquele momento, a URSS contava muito, para o sucesso do seu plano, com as exportações de gás e petróleo. Ora, o choque mundial do petróleo, que elevou os preços internacionais em duas oportunidades (1973 e 1979) na década, não favoreceu aos soviéticos, pois seus poços eram obsoletos. Além disso, o endividamento era considerável e o dinheiro que entrou Do país apenas alimentou uma bolha econômica, dando origem a um falso milagre econômico.9Crise do petróleo (1973-1979)Como conseqüências de tais ações, encontramos: a expansão da produção e a produtividade não atingiram o esperado; o Estado soviético passou a adotar uma política de austeridade, buscando menos importação e mais crescimento; a crise agrícola, que ocorre na mesma oportunidade, acabou absorvendo as poucas vantagens do "boom" petrolífero, e a então URSS se consolidou como importante importadora de grãos; o segundo choque do petróleo, em 1979, acabou causando nova queda no crescimento econômico do país devido à elevação das taxas de juros internacionais. É nesse contexto econômico que a URSS iniciou a década de 80. Era evidente que o país não podia mais continuar resolvendo o problema pelo endividamento externo e que haveria necessidade de reformas internas profundas. Em março de 1985 Gorbatchev é escolhido para levar adiante tal guinada, sustentada pelos militares soviéticos. O período Gorbatchev, que deu início à tentativa serena de passagem de uma economia planificada para uma economia de mercado, com o apoio das instâncias capitalistas internacionais como o Banco Mundial e o FMI, além das principais nações desenvolvidas do planeta, foi caracterizado pela organização de empresas independentes e pela reforma de preços, com a paulatina liberalização do mercado. O sucesso das empresas passou a depender da eficiência gerencial e não mais do plano de ondas estatal, que privilegiava o volume produzido num período, sem considerar os meios utilizados para tal. I louve unia fantástica redução dos subsídios internos (da ordem de US$ 100 bilhões somente em 1987) e, em nível externo, o rompimento dos acordos com os chamados países-satélites (Leste Europeu, Cuba, Vietnã e outros países menores), fato que deixou livre o caminho para a "independência" dos países do Leste Europeu e a entrada do regime capitalista também nessas regiões.O símbolo de tal processo acabou sendo a derrubada do Muro de Berlim, em 9 de novembro de 1989. Rapidamente, o governo Gorbatchev se viu num impasse: como elevar os preços a níveis reais, favorecendo os produtores, quando os salários não podiam acompanhar o processo devido a uma inflação galopante que se instalou? Havia a necessidade de saturar o mercado com bens de consumo, porém, como saturar sem uma reforma anterior de preços que estimulasse a produção? Frente a esses impasses, a idéia de se fazer uma passagem serena para a economia de mercado não vingou e a pressão interna, associada a uma ansiedade internacional, acabou inviabilizando o governo. Gorbatchev foi derrubado do poder por Yeltsin em 1991. Paralelamente, ocorreu a implosão do chamado "império soviético", com as antigas repúblicas se constituindo em estados independentes. Visando a guardar certa unidade, naquele mesmo ano a Rússia, então país líder das antigas repúblicas, buscou criar10a Comunidade dos Estados Independentes (CEI) que, por enquanto, não se constituiu em bloco econômico como se imaginava na época. A. região chegou assim à segunda metade dos anos 90 sem conseguir concretizar a passagem para uma economia de mercado e num grande atraso econômico. O mundo, diante de uma liberalização econômica cada vez maior, passa a fazer exigências e o FMI é chamado para auxiliar nessa travessia de uma economia planificada para uma economia de mercado. A crise russa de 1998 apenas confirmou o caos econômico da região e particularmente da Rússia, deixando a entender que a recuperação daquela região, dentro, agora, de um sistema capitalista, levará muito mais tempo do que se imaginou inicialmente.Comunidade dos Estados Independentes - CEIQuanto ao comunismo, que tem na China seu expoente máximo, em termos econômicos, igualmente assumiu a forma capitalista. Ou seja, percebendo as mudanças mundiais, o governo chinês passou a adotar uma prática que poderíamos classificar de siri getteris , isto é, abrir o mercado, ingressar na OMC, liberar paulatinamente o comércio e o sistema financeiro, se inserir no modelo capitalista de livre-mercado, sem perder o controle estatal da política, calcado numa ditadura cruel e repressiva. Até quando tal associação durará? Pelo sim ou pelo não, o fato é que a China é o país que mais capta recursos internacionais atualmente, entre os países emergentes do planeta.Nesse contexto, o capitalismo, pela recuperação de um modelo econômico mais liberal, acabou impondo-se como via praticamente única no mundo no final do século XX. As discus-sões que nascem no interior de seu desenvolvimento, como a socioeconomia do desenvolvimento, a terceira via e o Estado mínimo, nada mais são do que linhas diferentes a serem adotadas, dentro de um mesmo modelo. Evidentemente, cada uma com os seus custos sociais específicos.A linha mais radical é a que defende o Estado mínimo. Já em perda de velocidade no final dos anos 90, esteve no auge da proposta liberal no início da década. A idéia central era deixar a iniciativa privada controlar o mercado e todas as suas relações econômicas, ficando no processo produtivo os mais preparados, equipados e competitivos. O Estado deveria servir apenas de ponto de articulação política visando dar as condições para que o capital pudesse11circular livremente em busca de sua natural acumulação. Os custos sociais de tal proposta, praticada em determinados pontos do planeta, assustaram o mundo e uma mudança de rumo se impôs. Tornou-se necessário diminuir o desemprego, controlar melhor o fluxo de capitais circulando pelo mundo, a maioria volátil e especulativa, e dar uma conotação moderna ao Estado.Nesse sentido, o mundo começou a construir opções. Embora a imprensa fale muito da "terceira via", que simplificadamente seria valorizar os aspectos sociais sem perder de vista a inserção econômica no mercado globalizado, é a proposta da socioeconomia do desenvolvimento que conseguiu aprofundar melhor e por mais tempo suas teses. Sem querer esgotar o problema, trata-se de recuperar a importância do Estado no processo econômico, não mais como um elemento interferente e protetor, mas sim como um elemento organizador do processo produtivo. O Estado, nessa lógica, assume as funções essenciais, como educação, saúde, segurança e habitação, e produz as condições de infra-estrutura para que a iniciativa privada consiga maior competitividade no mercado globalizado atual.Socieconomia – Fonte: Google imagens12Socioeconomia solidária – Fonte: Google imagensCentrada no Programada das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e apoiada por diversos autores contemporâneos, em especial da escola francesa, essa lógica visa construir um novo tipo de sociedade, tendo por base idéias importantes. Dentre elas podemos destacar a que defende que o desenvolvimento não é sinônimo de crescimento econômico, ou seja, não basta que o PIB cresça. É preciso saber e poder dividi-lo de forma razoavelmente igualitária entre os cidadãos que ajudaram na sua formação. Com isso, põe em questão o mecanismo da renda per capita (que apenas mascara a concentração de renda em um país) e cria índices novos, como o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e o IPH (Índice de Pobreza Humana), os quais levam em conta não apenas o PIB e a população de um país, mas também a sua escolaridade, taxa de mortalidade infantil, nível de saúde, esperança de vida, acesso a universidades etc.13Fonte: Imagem GoogleAssim, desenvolvimento não se mede apenas pela renda per capita média, como as correntes mais liberais ainda hoje utilizam. Outra idéia dos defensores da socioeconomia do desenvolvimento está no fato de que não se nega a importância do mercado, da profissionali-zação e da eficiência, porém, é preciso reunir condições para chegar a tal estágio. Essas condições, que são econômicas, políticas, sociais e culturais, devem ser promovidas igualmente pelo Estado. O mercado, por si só, não irá proporcionar tais condições ao maior número possível de cidadãos. Nesse contexto, soma-se uma terceira idéia de base, pela qual o Estado tem a função de coordenar as forças econômicas e sociais, organizando o processo de desenvolvimento. Enfim, esse conjunto de idéias, para surtir efeitos práticos, exige uma profunda mudança de mentalidade do conjunto da sociedade.No fundo, a terceira via e a socioeconomia do desenvolvimento, até prova em contrário, tendem a formar, no futuro, uma linha única de pensamento. Seus eixos centrais podem ser assim enumerados:a) harmonização do crescimento através de maior poder às comunidades regionais para enfrentarem os seus problemas. Isso não significa eliminar a capacidade de planejar e executar do Estado. Significa, isto sim, dar uma nova orientação ao Estado: a de organizador do processo de crescimento;b) tal idéia implica uma profunda reforma na concepção de sociedade; a mesma sociedade deve aprender a avançar pela cooperação e não pela eliminação, a avançar pela qualidade e não pelo,jeitinho (o país do jeitinho e do levar vantagem em tudo terminou), a avançar pela construção positiva através da soma de ações coerentes e comprometidas com o todo e não pelo individualismo e o imediatismo das respostas (as "picuínhas" políticas devem ser superadas), a avançar não por receitas milagrosas e promessas, mas sim pelo fundamento profissional das propostas, tendo como horizonte não o amanhã, o imediatismo, mas o futuro daqui a uma ou duas gerações, enfim, a avançar economizando com eficiência, qualidade do bom gerente, e não desperdiçando recursos e energias;c) no caso do Brasil, temos agropecuária, indústrias, um setor terciário, capital humano14qualificado (embora necessitemos interiorizá-lo mais e valorizar mais o que temos), mas não tínhamos um mercado interno (grande falha dos modelos passados e que tentamos corrigir a partir do plano real); criado esse mercado interno, dando condições para que ele apareça de fato (já que as pessoas existem). Para tanto, necessário se faz mais poupança e melhor distribuição de renda (direta e indireta), melhoria das condições de vida (educação, saúde, transporte, comunicação, habitação etc.);d) precisamos reaprender a crescer, porém, não só em torno do investimento na capacidade de produção nova, mas, sim e sobretudo, em torno de uma melhor utilização da capacidade ociosa existente, de uma melhor administração de novos re-cursos naturais (terra, água), da eliminação do desperdício, de uma melhor organização social.Esta proposta da socioeconomia do desenvolvimento constitui-se em desafios enormes. .A começar pela mudança de mentalidade. Afinal, é mais simples lidar com problemas "macro", no abstrato, do que lidar com o interior do país, com a nossa realidade do dia-a-dia, com o mundo concreto do interior. De fato, o importante é saber traduzir opções gerais, ideologias, em propostas concretas, que saibam atacar o cotidiano. Esse é o nosso ponto de estrangulamento. Isso porque precisamos criar um processo d.e desenvolvimento a partir do mercado interno, sem eliminarmos a integração regional e o relacionamento internacional. Em outras palavras, precisamos aplicar de fato o planeja-mento, ou seja, economizar ao máximo o recurso escasso e substituí-lo, dentro do bom senso, por recursos abundantes (a teoria liberal, base do atual modelo, prega isso desde o início do século XX). Acontece que em muitas situações, em termos econômicos, ainda estamos no século XIX. Pior, na época mercantilista. Precisamos de planejamento em níveis dos recursos reais e humanos e não ao nível da manipulação de verbas orçamentárias.

Um comentário:

  1. É APROVEITO PARA FAZER-LHE UM CONVITE, POIS É TEMPO DE HUMOR.

    CONHEÇA MEU BLOG: HUMOR EM TEXTO, COM A CRÔNICA DE HUMOR DA SEMANA:

    “TEREZA MARGARIDA , A DEBUTANTE QUE NÃO DEBUTOU”.

    AQUI VOCÊ NÃO ENCONTRARÁ PORNOGRAFIA, NEM CONTEÚDOS QU POSSAS FERIR SUA DIGNIDADE,

    TODOS SÃO DE HUMOR E...DE GRAÇA!

    UM ABRAÇÃO CARIOCA.

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